Governo de Minas trata aprovados dos concurso da Polícia Civil com descaso e não envia representantes para audiência pública na ALMG
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- Criado: Terça, 29 Setembro 2015 22:01
Insensível ao pleito dos aprovados em concurso público para a carreira de investigadores da Polícia Civil – Edital 2014 - o governador Fernando Pimentel não sinaliza de forma concreta sobre a convocação, mas mantém nomeações diárias para cargos comissionados. De 2 de setembro até hoje, foram 271 nomeações, entre cargos de confiança (os chamados DADs, cargos de Direção e Assessoramento da Administração Direta) e funções gratificadas, sem exoneração correspondente, com impacto de quase R$ 8,1 milhões, incluindo o 13º salário e 1/3 de férias.
O descaso do governo de Minas é tão grande que, na tarde desta terça-feira, 29/9/2015, sequer enviou representantes para participar da audiência pública realizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir a situação dos aprovados e cobrar um cronograma de nomeações. A reunião foi solicitada pelo deputado Sargento Rodrigues e teve a participação de cerca de 900 aprovados no concurso.
“O Governo não veio aqui dizer que vai estabelecer um cronograma e também não mandaram ninguém. Isso era o mínimo que eles poderiam ter feito. O que eles fizeram foi um grande desrespeito com vocês e com a Comissão de Segurança Pública. Este é o tratamento do Governo do PT para as pessoas que estão prestes a entrar para o serviço público”, cobrou Sargento Rodrigues.
Durante a reunião, o deputado Sargento Rodrigues destacou a necessidade de manter a vigilância para cobrar a convocação dos aprovados. “O Fernando Pimentel, da Dilma, não tem nenhuma coerência. Ao contrário das promessas feitas, em setembro, não houve a nomeação de nenhum aprovado no concurso da Polícia Civil. Mas as nomeações para cargos em comissão, essas não foram interrompidas. Em menos de 30 dias, o impacto com a contração em cargos de confiança provoca um impacto de R$ 8, 1 milhões”, afirmou. Rodrigues também questionou em relação ao certame. “E o concurso? Ficou para quando? É assim que o Governo está sem dinheiro?”, perguntou.
Sargento Rodrigues lembrou, ainda, que a contratação de policiais foi prometida por Fernando Pimentel, quando ainda candidato. “Pimentel, da Dilma, disse que iria contratar 12 mil policiais, o que dá uma média de 3 mil em cada ano de mandato”, destacou. Ainda segundo o parlamentar, dizer que a polícia civil está com o efetivo ruim é “chover no molhado” e que continuará cobrando do Governo uma solução.
Na ocasião, o representante dos concursados, Hugo Leonardo Duarte, agradeceu todo o apoio do deputado Sargento Rodrigues e afirmou que as nomeações serão uma garantia de luta para toda a segurança pública do Estado. Segundo ele, em julho deste ano, o secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, disse que seriam nomeados mil aprovados em setembro e o restante em janeiro do ano que vem. Já em agosto, o governador Fernando Pimentel anunciou a suspensão das nomeações.“Nós estamos muito indignados. Estamos vivendo um Governo que não está cumprindo as promessas que fez. Qual é a desculpa? O que aconteceu em um mês para tudo mudar assim? ,” questionou.
Ainda segundo Hugo Leonardo, além de não cumprir as promessas feitas à Polícia Civil de Minas Gerais, Pimentel abriu duas novas pastas no Estado. Hugo ressaltou, ainda, que se sente desrespeitado com o Governo que “fecha os olhos para a segurança pública”. Ele também pediu para que comissão interceda para que todos os candidatos sejam nomeados.
Para Rodrigues, o Governo é mentiroso, pois há todo momento fala que não há dinheiro, mas contrata comissionados. “Isso que torna o Governo mentiroso porque para cargo comissionado há dinheiro”, esclareceu.
Candidatos aprovados relatam desrespeito e dificuldades
Participantes da audiência pública fizeram relatos de dificuldades que estão enfrentando em função da espera da nomeação. Geovanni Andrade, de Araxá, disse que deixou de assumir cargo em outro concurso e chegou a alugar imóvel em Belo Horizonte por causa da promessa de nomeação feita pelo próprio secretário de Defesa Social.
Francismara Resende da Silva, de Varginha, reclamou que a cidade, com 130 mil habitantes, tem apenas 22 investigadores. Já Euséias Marques de Faria, de Ubá, lamentou não haver respostas por parte do Estado, já que vieram mais de 60 concursados da Zona da Mata em busca de uma solução. "Isso é falta de solidariedade. Isso é uma covardia. Cadê Pimentel que fez tantas promessas e agora nos dá as costas?”, cobrou.
Concordando com Euséias, a aprovada Fabrícia, de Almenara, destacou que eles já estão cansados de promessas. Além disso, ela também cobrou novas datas, o que são direitos dos candidatos.
Já o candidato Ramondener ressaltou que o Governo do Estado que se diz “do povo” não pareceu e não mandou representantes. “É incrível. Só veio a oposição. Parece que não somos o povo”, disse.
Contradições
As contratações para cargos comissionados estão ocorrendo após o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, anunciar, no início de setembro, que estavam suspensas novas nomeações de concursados e comissionados ou reajustes salariais em 2015.
Logo depois, no dia 18 de setembro, o próprio governador Fernando Pimentel assumiu o compromisso de nomear os concursados. Essa garantia também já foi dada em relação aos aprovados no concurso da Educação. Mas, até agora, não foram publicadas nomeações nem para a PC, nem para a Educação.
“A nomeação dos investigadores da Polícia Civil não é prioridade do governo Pimentel. O orçamento do estado está sendo usado pra outra coisa, temos que pressionar. Muitas pessoas alugaram apartamentos e se programaram para serem chamadas. Isso é uma irresponsabilidade do estado”, afirmou Hugo Leonardo Duarte, representante dos concursados.
Mobilização
Ao final, o deputado Sargento Rodrigues orientou que os candidatos continuem com o foco na mobilização. “O foco de vocês tem que ser mantido. Vocês não tem nada a perder e devem continuar mobilizados”, afirmou. Rodrigues também explicou que irá apresentar novo requerimento a comissão para que seja realizada nova audiência pública para tratar do assunto e convidar novamente as autoridades.
“O que o Governo está fazendo fazendo é mentir, mentir e mentir. Imoralidade e falta de respeito foi não comparecer aqui. O Governo tem que se pronunciar, não pode ficar omisso e nós não vamos descansar enquanto não vierem a público darem informações a vocês”, se compromissou o deputado Sargento Rodrigues.
Também participaram da reunião representantes da comissão dos aprovados excedentes do concurso de médico legista e perito criminal que disse que também nas carreiras científicas da Polícia Civil existe a necessidade de nomeação de servidores aprovados em concurso, como também representante do Curso de Formação de Oficiais dos Bombeiros Militares, que também cobram a convocação.