Porte e posse de arma de fogo é discutido na Comissão de Segurança Pública
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- Criado: Terça, 10 Novembro 2015 18:13
Projeto de Lei nº 3.722/2012 que disciplina normas sobre o porte, a aquisição, a posse e a circulação de armas de fogo e munições, que tramita no Congresso Nacional, foi discutido em audiência na Comissão de Segurança Pública, nesta terça-feira, 10/11/2015.
Durante a reunião, o deputado Sargento Rodrigues, Presidente da Comissão, afirmou que alguns pontos no substitutivo apresentado pelo deputado federal Laudívio Carvalho devem ser revistos. Ele deu como exemplo, as autoridades e servidores públicos, como da Advocacia-Geral da União, Defensoria Pública, servidores da Secretaria de Meio Ambiente dos Estados e Distrito Federal que foram incluídos para portar arma de fogo. “Nós tivemos uma série de servidores públicos incluídos para terem estendida a garantia do porte de arma. É algo preocupante porque não se vê no tipo de atividade desempenhada por estas pessoas algo que, de fato, mereça e tenha necessidade de portar arma em virtude da sua atividade”, disse.
Ainda segundo Rodrigues, a arma só deve ser permitida ao servidor público ou a uma autoridade quando a atividade desenvolvida por ele tenha o risco e a necessidade de se proteger no seu dia a dia. Segundo o parlamentar, o substitutivo traz uma flexibilização de forma escancarada e atabalhoada. “Nós temos no artigo 66 que o próprio vigilante poderá portar a sua arma de fogo, sendo sua ou da empresa, na forma do regulamento, mesmo fora do serviço, ou seja, é algo inadmissível do ponto de vista desta autorização”, esclareceu.
Outro ponto destacado pelo deputado Sargento Rodrigues seria a renovação do porte de arma que passaria de 3 para 10 anos. “É algo também extremamente ruim. É preciso ter uma periodicidade menor para que as pessoas possam ser avaliadas do ponto de vista da capacidade de manuseio da arma e da sua capacidade psíquica. As forças policiais de uma forma em geral não dão uma permissão com um tempo tão grande para que não se faça exames, mesmo que elas passem por reciclagem com manuseio e prática de tiro todo ano. O próprio policial quando é aposentado, é necessário que ele faça estes exames periodicamente”, explicou.
Na ocasião, Rodrigues também ressaltou que a redução da idade de 25 para 21 anos para as pessoas que estão na área rural com exigências simplificadas é outra preocupação.
“Eu vejo que o substitutivo do relator Laudívio Carvalho deixa muito a desejar e eu vejo com muita preocupação para a sociedade. Não se trata aqui de não querer que o cidadão tenha o direito de defesa, muito pelo contrário, eu sou ferrenho defensor que o cidadão tenha o seu direito, mas da forma que está, escancarando a legislação quando se trata do uso, do porte, da posse e da aquisição dessa arma de fogo, eu vejo com muita preocupação este substitutivo”, afirmou o deputado Sargento Rodrigues.
De acordo com Sargento Rodrigues, o estatuto, da forma que está hoje, causa uma certa indignação quando as pessoas buscam o porte de arma na polícia federal, pois na Lei atual ficou um poder discricionário a autoridade da polícia federal para conceder ou não este porte. “Aí está o erro que precisa ser corrigido. Nós podemos flexibilizar os pontos, mas não da forma e do tamanho da flexibilização que está colocado no substitutivo. O que está neste substitutivo é extremamente preocupante para a segurança pública e para o próprio cidadão. Dessa forma, “o tiro sairá pela culatra”, informou.
Na oportunidade, a delegada Francione Tavares Lopes Fintelman afirmou que o assunto precisa mesmo ser exaustivamente debatido para atender ao que é melhor para a sociedade e que a Polícia Civil continuará na defesa dos direitos dos cidadãos e combaterá aqueles que desejam de alguma forma se utilizar do estatuto, de maneira escusa para fins ilícitos.
Já o representante da SEDS, o diretor de Treinamento Prisional, Jaime Pimentel de Souza, explicou que o texto traz o risco de contribuir para o aumento da criminalidade. “É preciso haver mais restrições ao porte de armas, não podemos banalizar o uso de um instrumento letal”, disse.
Segundo o Capitão Edgard Antônio de Souza Júnior, representante do Comando da Polícia Militar (PM), depois de fazer uma análise da proposta, a Instituição se posicionou a favor de manter o atual Estatuto do Desarmamento. Ele também informou que mais armas em circulação aumenta o número de crimes. O Capitão apresentou dados que mostraram que de 2005 até a presente data houve um acréscimo de 5% de apreensões de armas de fogo ao ano. "Será que o cidadão comum terá o treinamento adequado? Ele vai ter condições de saber usar, de entender como e quando fazê-lo?", questionou.
Ao final, o deputado Sargento Rodrigues informou que será enviado relatório da audiência pública a todos os deputados federais e senadores com todos os pontos em que houve convergência e divergência em relação ao PL 3.722/2012. O parlamentar também explicou que os próximos debates para discutir o tema serão realizados nas segundas ou sextas-feiras para que os deputados federais possam participar.