Policiais Militares protestam pelo fim da impunidade
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- Criado: Sexta, 23 Maio 2014 20:14
Os policiais militares de Minas Gerais realizaram um ato nesta sexta-feira, 23/5/2014, no Hall das bandeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) devido ao assassinato do Soldado André Luiz Lucas Neves no dia 16 de maio de 2014. Os militares lutam pelo fim da impunidade, resgate da autoridade policial, aumento do efetivo da polícia militar com a realização de novos concursos, melhoria das estruturas das delegacias para atendimentos aos policiais militares, revisão do tempo excessivo aguardando flagrantes e recebimentos de ocorrência, e o repasse do Termo Circunstanciado de Ocorrência para a PMMG, tendo em vista o principio da celeridade.
Segundo o deputado Sargento Rodrigues, os policiais militares estão indignados com o afrouxamento das leis. “Este é um manifesto pelo afrouxamento das leis, pela reforma do Código Penal e pela alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pois os menores matam e ficam soltos”, explicou. O parlamentar lembrou também que o bandido Wilson Guimarães Filho, um dos autores do crime, possui uma enorme ficha criminal, que em 2007, ele realizou um assalto a mão armada e, na época, era menor. Dessa forma, há a necessidade da reforma no ECA para que eles respondam por crimes hediondos.
Ainda segundo Sargento Rodrigues, está havendo uma inversão de papéis, enquanto os criminosos enfrentam as autoridades, como a Polícia Militar, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Na última década, houve um afrouxamento do Direito Penal.
Presente no manifesto, a mãe do Soldado André Luiz Lucas Neves, Elizabeth Lucas Neves, muito emocionada, pediu Justiça. “Ele deu a vida pela sociedade e eu espero que não seja em vão. Eu estou aqui em pedaços, não sei como consegui chegar aqui. Eu quero justiça, justiça, justiça, pelo amor de Deus”, implorou. Ela ressaltou também que os bandidos matam, a Polícia Militar prende, mas no outro dia estão soltos rindo da cara das pessoas.
Já o pai do Soldado, o Sargento Valter Luiz das Neves, pediu que a sociedade entenda que o manifesto está acontecendo em prol dela. “Queremos que os criminosos paguem pelo o que estão fazendo. Vamos dar um basta nesta impunidade. Só peço que a justiça seja feita”, pediu.
Antes do seu discurso, o deputado Sargento Rodrigues pediu um minuto de silêncio em memória do Soldado André Luiz. Logo em seguida, ele destacou que é preciso que a academia de polícia comece a não ensinar os policiais a terem medo na hora de agir. Para Rodrigues, aquele que saca uma arma para o policial, tem que tomar tiro na testa, pois é assim que diz o Código de Processo Penal e a legítima defesa. “Não tem esse negocio de fazer abordagem como a academia ensinou. Ela não ensina ninguém a ser polícia, infelizmente lá é cheio de executivo fardado que não ensina vocês a realidade das ruas”, afirmou.
Em sua fala, Sargento Rodrigues cobrou uma nova postura do Comando da Polícia Militar de Minas Gerais. “Nós temos que cobrar do Comando para que a Corregedoria não faça a palhaçada que andou fazendo, porque é inadmissível que um companheiro nosso, que está salvando um casal durante um assalto, as viaturas no encalço do bandido, e depois vem um Oficial perguntar se o botão da camisa dele está solto. Não podemos permitir mais este tipo de assunto”, ressaltou. Além disso, o parlamentar afirmou que algumas verdades tem que ser ditas e deu o exemplo dos Coronéis que foram promovidos, que todos passaram a vida inteira trancados em gabinetes. “Cadê a pessoa que deveria ter corrido no corpo de tropa? A pessoa operacional para comandar a tropa? É isso que nós precisamos, destas mudanças internas. Tem que ser exigida pela tropa e o Comandante-Geral tem que atender”, questionou.
O parlamentar lembrou, ainda, que acompanha a letalidade policial desde 2003 e que até o presente momento, morreram 173 servidores da segurança pública, entre eles policiais civis e militares, bombeiros e agentes penitenciários. Ele também se comprometeu a lembrar do Soldado André Luiz, por muito tempo, na tribuna da ALMG.
De acordo com Sargento Rodrigues, em 2002 foi criada uma força tarefa para investigar a morte do Promotor Francisco José Lins do Rego. O deputado questionou por que esta força tarefa não pode ser criada para apurar os crimes contra os policiais. “Alguém lembra da morte do Promotor Francisco José Lins do Rego? Em 2002, quando aconteceu a morte, fizeram uma força tarefa, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Ministério Público, com uma semana estava todo mundo preso, inquérito pronto, os bandidos denunciados na justiça e com pouco tempo levaram a condenação. Cadê a força tarefa para apurar os crimes contra os policiais? Será que o Comandante-Geral não pode fazer isto? Será que ele não pode criar esta força tarefa? Ele só não pode, ele deve!”, questionou.
Ainda durante seu discurso, Rodrigues informou que eles não podem deixar de manifestar a indignação pela violência que está acontecendo e não exigir uma postura em que o Congresso Nacional respeite a polícia e o cidadão de bem. Os parlamentares da Comissão de Segurança Pública da ALMG irão a Brasília no dia 27/5/2014, participar de uma audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados e levarão as reivindicações dos companheiros.
Ao final, o deputado Sargento Rodrigues reafirmou que está firme na caminhada, que irá exigir o fim da impunidade, a reforma do Código Penal e do Estatuto da Criança e do Adolescente, o resgate da autoridade policial e que, certamente, acompanhará o grupo Força e Honra para cobrar a pauta interna ao Governo do Estado e ao Comando Geral.