Radiações emitidas por antenas e telefones celulares podem causar câncer
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- Criado: Quarta, 02 Outubro 2013 18:43
Estudos sobre os diversos tipos de neoplasias causadas pela exposição à radiação por antenas e telefones celulares foram apresentados pela engenheira e pesquisadora da MRE Engenharia, Adilza Condessa Dode, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da telefonia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira, 2/10/2013. A especialista expôs o assunto a partir da sua tese de doutorado, defendida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2011.
A pesquisadora afirmou que 60% das radiações são emitidas pelos celulares e antenas são absorvidas pelos seres humanos, 30% são usadas na comunicação e 10% se perde no ambiente. No Brasil, somente Porto Alegre possui baixa incidência de radiação, assemelhando-se à Suíça, país modelo que apresenta um índice de radiação 155 vezes menor.
Durante a reunião, a engenheira mostrou que na sua tese de doutorado foram estudadas duas antenas de celulares no bairro Serra, uma localizada na Rua do Ouro e outra na Avenida Água Branca. Belo Horizonte possui 1028 antenas de celulares instaladas e 744 antenas irregulares, sendo que grande parte são concentradas na região Centro-Sul, onde obteve o maior número de óbitos por neoplasias durante os últimos 10 anos. O risco de desenvolver câncer de mama, próstata, intestino e pulmão, foi três vezes maior nas pessoas que viveram nos últimos 10 anos num raio de até 400 metros das antenas.
De acordo com dados da Secretária Municipal de Saúde, de 1996 à 2006, o município registrou 22.493 óbitos por neoplasia. A engenheira constatou que 7191 óbitos foram causados por exposição à radiação por antenas em um raio de até 1000 metros, mas 50% foram detectados por exposição mais próxima a radiação eletromagnética, 100 metros. “As antenas irradiam horizontalmente e verticalmente. Há sobreposição de radiação eletromagnética para as pessoas que moram perto dessas antenas”, explica a engenheira e pesquisadora.
Adilza Condessa Dode comparou a radiação por antenas e aparelhos celulares com os males causados pelo cigarro na década de 50 e afirmou que deve haver uma legislação mais restritiva. “Nos próximos anos, iremos observar os impactos globais nos índices de tumores e câncer. É fundamental que a legislação mude para que a exposição à radiação em locais como residências, hospitais, escolas e creches, por exemplo, seja reduzida”, explica.
Para a especialista, o Sistema Único de Saúde (SUS) deveria fazer uma cartilha orientando e conscientizando a população do uso do telefone celular. O deputado Sargento Rodrigues, autor do requerimento para a instalação da CPI, concordou com a afirmação e disse que os dados apresentados na reunião foram alarmantes. “É necessário uma cartilha educativa, a provocação do Sistema Único de Saúde e do Governo Federal. Vamos apresentar um projeto de lei que venha exigir a diminuição dos níveis de radiação para proteger a saúde dos seus consumidores. Os dados trazidos aqui hoje são preocupantes e a família brasileira precisa ter cuidado, zelo e buscar mais informações em relação ao uso excessivo do celular”, afirma.
Algumas dicas para diminuir as radiações causadas por telefones celulares são: usar fones de ouvido, dormir com o celular desligado, utilizar o viva-voz, o telefone fixo e andar com os aparelhos afastados do corpo.
O deputado Sargento Rodrigues afirmou, ainda, que os estudos da engenheira, que comprovam os riscos do uso do celular para a saúde das pessoas, estarão no relatório final da comissão.