Familiares de vítimas de crimes pedem justiça

DSC08672As famílias das vítimas dos crimes bárbaros ocorridos em Belo Horizonte em janeiro e fevereiro de 2014 foram ouvidas em audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), requerida pelo deputado Sargento Rodrigues, nesta terça-feira, 18/3/2014.

Durante a reunião, o deputado Sargento Rodrigues mostrou sua indignação diante dos crimes acontecidos e disse que as punições para os bandidos são brandas. “Quero dizer da nossa indignação e posso imaginar o que essas famílias estão passando. Como policial, durante 15 anos, posso imaginar o sentimento de vocês. Nós, policiais, vivenciamos de uma forma diferenciada de outros deputados, juízes, desembargadores, porque participamos das tragédias de perto, junto com os familiares das vítimas. O Congresso Nacional e a Presidente da República estão dormindo, pois mesmo diante dessa situação, não tomam nenhuma providência. Essas pessoas que cometeram esses crimes são condenadas há 30 anos de prisão, que é a punição máxima, mas cumprindo um terço da pena, já podem ir para a rua”, disse. O parlamentar afirmou também que os deputados são muito criticados e que muitas ações chegam de outras formas aos cidadãos.

DSC08745Sargento Rodrigues lembrou, ainda, que as fronteiras brasileiras estão totalmente abandonadas e que os postos fecham às 20h. “A entrada de armas e drogas estão livres, o que aumenta o índice de criminalidade e violência no País. Queria falar da minha indignação, pois não só os cidadãos, mas os policiais estão morrendo e as punições são extremamente fracas. Temos que cobrar efetivamente, cada vez mais, dos Governos Federal e Estadual”, afirma. Rodrigues defende que a população faça uma marcha à Brasília para cobrar ações do Governo Federal. “Quem sabe assim o Governo Federal, a Presidente da República, param de dormir e passam a ouvir mais os cidadãos”, ressalta.

Em seu depoimento, emocionante, a mãe do Matheus Salviano, um jovem de 21 anos que foi assassinado com três tiros no dia 7 de fevereiro de 2014, quando tentou entrar no carro estacionado no Bairro Gutierrez, Ângela Maria da Fonseca, afirmou que é a maior dor do mundo e pediu proteção aos parlamentares.
DSC08720“Quando meus filhos nasceram, eu jurei que os criaria como todo amor e carinho e que eles seriam pessoas do bem. Só queria que fossem felizes.
Jurei, também, protegê-los contra todas as maldades do mundo.
Quando Matheus, meu filho mais velho, alcançou aquela idade de sair sozinho, sem a minha companhia, comecei a ficar desesperada.
Mas, como não deixar um jovem saudável viver sua vida?
Rezava, orientava, rezava, tomava precauções, rezava, rezava e rezava. Quanto mais notícias tinha sobre o aumento da violência e insegurança nas ruas, mais cuidado tomávamos e mais orações pedindo proteção eu fazia.
Falava: cuidado, meu filho, fique alerta, procure não andar sozinho, cuidado com aquele lugar, aquela rua é escura, vá de táxi, mude seu trajeto, não entre direto na garagem, dê uma volta no quarteirão primeiro.
Não adiantou. Matheus foi morto no dia 7 de fevereiro.
Ele poderia ter feito várias coisas naquela sexta-feira: namorar, se divertir, ficar em casa...
Mas naquela noite ele decidiu visitar um amigo que tinha feito uma simples cirurgia de miopia.
Naquela noite, ele mais uma vez, decidiu pela amizade e solidariedade.
Saiu e não voltou. Nunca mais verei meu filho.
Meu mundo caiu. Vocês não sabem o que é para uma mãe enterrar seu filho. Vocês não sabem o que é para uma mãe passar uma noite ao lado do caixão do seu filho se despedindo.
Assim como ele decidiu fazer o bem, nessa mesma noite alguns indivíduos saíram de suas casas para fazer o mal. Decidiram sair para roubar e matar. Saíram armados. Roubaram e mataram. Mataram meu filho Matheus de 21 anos.
Sei que eles não pagarão pelo o que fizeram. Serão julgados pela idade e não pelo crime que cometeram. O Estatuto da Criança e do Adolescente premia-lhes com uma pena mínima. Tiraram a vida do meu filho que era do bem e não pagarão pelo o que fizeram. Terão ficha limpa... até que façam novamente.
A impunidade é um convite para o crime. Bandidos não são vítimas da sociedade. Bandido é bandido. Todos nós podemos escolher entre o certo e o errado. Desde pequenos aprendemos que roubar e matar é errado. E foi isso que ensinei para o Matheus.
Meu Deus, que País é este? Os bandidos estão protegidos. E nós? Quem vai nos proteger? Minha sensação de impotência é enorme.
Que a justiça de Deus é certa eu não tenho dúvidas. Mas e a justiça dos homens? Quem vai começar a olhar por nós, pessoas de bem? Até quando ficaremos acuados em nossas casas? Quantas mães terão que passar pelo meu sofrimento?
Eu ensinei ao meu filho a importância de um aperto de mão firme. Ensinei que o abraço deveria ser forte. Quando ele fez 16 anos, ensinei também a importância do voto.
Então, peço a vocês, senhores, que foram eleitos pelo voto que honrem seus eleitores. Nos protejam.
Eu tive um presente de Deus chamado Matheus.
Eu tenho um filho chamado Gabriel, de 13 anos, que foi enviado por Deus.
Por favor, me ajudem a protegê-lo
Ângela – mãe do Matheus Salviano”

Veja o depoimento na íntegra

http://www.youtube.com/watch?v=lZNZBaTfRcc&list=UUfdyYUT-p69nKCduxqf6-dg

Segundo o Tio do Matheus, Benedito Sérgio de Rezende, a família contribuirá para uma melhoria na sociedade para que outras famílias não passem pela mesma dor. Ele também afirmou que a polícia do Estado possui competência para combater os crimes, mas falta recursos humanos e materiais. “Se vocês observarem, a nossa polícia tem competência, mostrou isso na investigação do caso do Matheus, ou seja, tem metodologia, tem competência para investigar e para prender, mas está desanimando porque ela prende e a nossa legislação solta. Então, o que falta para nossa polícia são recursos humanos e materiais. Falta uma legislação mais adequada. Não é possível que a gente vai ter que conviver com essa criminalidade até que essas pessoas cheguem na casa do juiz, do promotor, do senador, do deputado federal e faça com as famílias deles para eles acordarem que a nossa legislação, que o nosso sistema penal está inadequado”, destaca.

Benedito afirmou, ainda, que a legislação do Brasil deve ser mudada. “No caso do Matheus, dois menores, um há 10 dias de completar 18 anos e o outro a 2 meses de completar a maioridade, serão recomendadas apenas medidas socioeducativas de 3 anos. O que a gente vê é que é um absurdo essa legislação. O critério biológico de 18 anos não é adequado. A partir de 12 anos a personalidade da pessoa já está estruturada, com essa idade ela já sabe o que é certo e o que é errado. É preciso que a gente acorde, que a gente mude esse sistema. Não dá para a gente conviver com isso. Parece que as nossas autoridades foram contaminadas por uma psicopatia. O psicopata, esses criminosos, além de não sentir remorso pelo o que fizeram, eles jogam a culpa na vítima. As autoridades estão jogando a culpa na gente. Quer dizer que eu sou culpado porque saí de casa a noite, sou culpado porque tem um carro, porque minha casa não tem vigia, mas o bandido está correto. Precisamos mudar. É importante que os deputados de Minas Gerais estejam começando este movimento porque a voz do povo é a voz de Deus e o povo não aguenta mais. A população não aguenta mais uma legislação caótica igual a nossa, nem o ECA , que foi feito com o intuito de proteger as crianças do bem, mas está protegendo criminosos, assassinos. Não é a sociedade que está corrompendo. Eles são psicopatas e tem que ser tratados como tais”, afirma.

DSC08695Já a irmã da vítima, Lívia Viggiano, assassinada em janeiro de 2014 juntamente com seu namorado Alexandre Werneck de Oliveira que desaparecem na Serra do Cipó, Erlane Viggiano Rocha, cobrou ações dos parlamentares e dos Governos. “É difícil encontrar palavras para colocar o que aconteceu. A dor da Ângela é a dor da minha mãe e de todas as mães. A Lívia era minha irmã caçula, ia muito para minha casa, era irmã dos meus filhos. Eu fiquei de frente com esses monstros, eles não têm alma. O que será feito desses monstros que tiraram a vida deles? Eu espero que vocês façam alguma coisa porque eu não posso fazer nada, mas vocês podem. Alguma coisa tem que ser feita. As leis têm que mudar. Não desejo isso para ninguém. Dói e dói muito. Será que terá que atingir um por um no Senado para isso mudar? Não quero que isso aconteça com eles porque é uma dor que não tem tamanho”, destaca. Os bandidos abordaram o casal ainda na Serra do Cipó e, em seguida, levaram as vítimas até as margens do rio Santo Antônio, que fica a cerca de 10 quilômetros de Conceição do Mato Dentro. No local, eles pegaram celulares e dinheiro do casal e, em seguida, executaram Lívia e Alexandre e jogaram os corpos no rio.

Segundo o cunhado da vítima Lívia Viggiano, Mailton Ari Fontes, o Brasil necessita de mudanças mais profundas. “O que está ocorrendo hoje, especialmente em Belo Horizonte, é uma falta de segurança. A população já está começando a fazer justiça com as próprias mãos, amarrando, prendendo, chamando a polícia para entregar para as providências cabíveis. Eu acho que as mudanças devem ser mais profundas. Brasília realmente precisa acordar. Eu morei em Brasília, aquilo ali é a ilha da fantasia. Nada incomoda eles. Eles não tem uma vida normal como nós, eles andam protegidos”, ressalta.

O amigo de Alexandre Wenerck, o gerente do Procon Assembleia, Gilberto Dias, afirmou que o amigo se preocupava em sempre fazer o bem e com as pessoas que sofriam. Ele destacou, ainda, que a população quer o endurecimento da legislação penal e que há uma sensação de desamparo e de indignação pelo Congresso Nacional. Gilberto também agradeceu, em nome dos pais de Alexandre, o deputado Sargento Rodrigues que os orientou na época do crime.

DSC08723De acordo com o chefe do Departamento de Investigação de Homicídios da Polícia Civil, Wagner Pinto, em Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ibirité, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Vespasiano e Sabará foram registrados, em janeiro e fevereiro deste ano, 295 homicídios. Desses, 90% foram com armas de fogo, e 90% dos autores são do sexo masculino, de baixa renda e escolaridade e com idade inferior a 30 anos. Ele também informou que a causa principal dos crimes está relacionada ao tráfico de drogas, e os assassinatos geralmente acontecem aos finais de semana e nos aglomerados. Além disso, Wagner afirmou que o momento que o Estado vive é preocupante. “É estarrecedor o momento que estamos vivendo em Minas Gerais pela violência, mas é um momento de ação e reação. O Governo do Estado investe, mas está aquém dos recursos necessários”, disse.

O deputado Sargento Rodrigues lembrou que o Brasil não produz pasta base de cocaína, que de junho de 2012 a novembro de 2013, foram apreendidas 5 toneladas pela polícia federal no triângulo mineiro que passaram, livremente, pelas fronteiras do Peru, Bolívia, Colômbia e Paraguai, e que o tráfico de drogas e armas andam juntos. “Os marginais possuem armas com facilidade, tranquilidade e o tráfico proporciona essas armas aos marginais. A polícia nunca apreendeu tantas armas como agora”, destaca.

Sargento Rodrigues apresentou requerimento para que seja encaminhado ofício contendo a gravação de áudio e vídeo dos depoimentos dos familiares a cada um deputado federal e senadores, ao Vice-Presidente da República, a Presidente da República, ao Ministro da Justiça, ao Secretário Nacional de Segurança Pública e também, para que seja realizada visita da Comissão de Segurança Pública à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, acompanhados de familiares das vítimas de crimes violentos ocorridos no Estado, para discutir medidas para a prevenção da violência.

Ao final, Rodrigues se compromissou, enquanto for deputado, a lembrar desses crimes e falar os nomes na tribuna da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pois há a necessidade de uma ação efetiva do Congresso Brasileiro.

 

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