Auxílios, gratificações ou abismo salarial?

Especialmente neste mês de março de 2022, estou sendo cobrado pelos servidores mais novos da segurança para que defenda, junto ao governo, auxílio-transporte e alimentação. Para que você compreenda a nossa preocupação, é preciso conhecer um pouco da história da evolução salarial de nossa classe.

Em junho de 1997, quando participei da primeira greve da Polícia Militar, um soldado PM/BM ganhava R$ 415,00 brutos, dos quais R$ 154,00 era o soldo e, o restante, a somatória de outras cinco gratificações, quais sejam: gratificação de tempo integral, gratificação de tropa, abono família, auxílio-moradia e etapa de alimentação. Vale ressaltar que os quinquênios incidiam apenas sobre o soldo, não incidindo sobre nenhuma outra vantagem. Desta forma, à época, um soldado com cinco quinquênios recebia R$ 492,00 bruto. Um salário miserável, que nos levou a criar coragem e ir para as ruas fardados.
Ao longo dos anos, os governos descobriram que enchendo nossos contracheques de abonos, gratificações e auxílios, o Estado gastava bem menos. A greve nos ensinou duas lições que não podemos esquecer mais. A primeira é que não se concede nenhum percentual ou vantagem diferente entre os integrantes da corporação, como aconteceu naquele ano. A segunda lição é que deveríamos fazer uma reestruturação salarial.
No ano de 2000, durante o governo Itamar Franco, três deputados da classe, mais associações, sentamos à mesa com o governo e o Comando, e exigimos um piso salarial de R$ 1.000,00. Ou seja, transformamos o vencimento bruto de R$ 415,00, em um vencimento básico de R$ 1.000,00. Temos aqui um exemplo muito claro do que representam os penduricalhos na carreira de um policial. O resultado dessa ação foi que o soldado, com 25 anos de serviço, que ganhava R$ 492,00 brutos, passou a ganhar R$ 1.500,00.
A lição que aprendemos em 1997 deve ser lembrada, hoje, pelos mais novos. A defesa que fazemos da integralidade com paridade, cobrando do governo a reposição da perda inflacionária para todos, tem como único objetivo garantir ao servidor que, ao passar à condição de veterano, ele receberá um salário digno para cuidar de sua família.
Àqueles que defendem o agora, o imediatismo do auxílio-transporte e alimentação, saibam que é tudo que o governo mais quer. Há que se ressaltar que, em caso de um acidente, uma reforma compulsória ou morte, a família pagará um preço altíssimo, em razão da queda brusca de sua remuneração, uma vez que esses auxílios, gratificações e abonos não incorporam ao salário e não incidem nos quinquênios ou ADEs. Sem falar que, a qualquer momento, podem ser retirados pelo governo.
Por isso, reafirmamos a defesa da paridade com integralidade e alertamos a todos sobre a gravidade das consequências de aceitarem os penduricalhos. Não se pode balizar carreiras de instituições distintas, pois essas poderão sofrer alterações em seus estatutos, adequando a carreira de cada uma delas. Por isso, é que a defesa da recomposição da perda inflacionária, para o todo – ativos, veteranos e pensionistas, sempre foi a melhor opção.
Como representante da classe, não atrapalharei nem votarei contra qualquer matéria que beneficie os servidores, mesmo que de forma momentânea, mas, deixo claro que não serei eu a propor ações que, no futuro, possam trazer prejuízos ou que provoquem a quebra de um pacto de gerações. Cumpro aqui o meu papel de alertá-los, além de esclarecer e fundamentar meus posicionamentos.
OBS: o contracheque postado é meu, 2° Sgt. Rodrigues, com três quinquênios, em junho de 1997

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