Geólogo da Vale admite ter assinado declaração de segurança da Barragem de Brumadinho sem ter participado da elaboração do documento

O geólogo César Augusto Paulino Grandchamp, da mineradora Vale, ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Barragem de Brumadinho, nesta quarta-feira (30/05), atuou como “um laranja” em assinatura de declaração de estabilidade da Barragem B1, emitida pela empresa Tüv Süd, em setembro de 2018. Esta foi a conclusão do deputado Sargento Rodrigues, vice-presidente da CPI, após afirmação de César Grandchamp de que não mais ocupava o cargo de gerente de geotecnia operacional da empresa e que sua assinatura se deu por orientação do superior hierárquico, Joaquim Toledo, apenas por ainda ser procurador legal da Vale. Ele assumiu não ter participado da elaboração do laudo de vistoria e atestou confiar totalmente na competência técnica da Tüv Süd e dos engenheiros da Vale, Washington Pirete e Cristina Malheiros, que tiveram acesso ao laudo e não o contestaram, por isto não exitou em assinar a declaração.

Resgatando os depoimentos dos dois engenheiros prestados à CPI dias atrás, o deputado confrontou a fala de Cesar Grandchamp, reproduzindo trechos em que ambos afirmaram desconhecer riscos de ruptura da barragem e que tinham total confiança no laudo da Tüv Süd, exatamente por nele estar também a assinatura do geólogo, considerado referência técnica na Vale. “Seu nome foi citado por quase, senão todos, os seus colegas que aqui estiveram. Não há dúvidas de que, até o momento, o senhor é quem mais informações detém, mas insiste em manter a estratégia já identificada de blindar a empresa e aderir à transferência de responsabilidades de um setor para o outro. A diferença é que sua assinatura consta no fatídico documento que atestou a segurança da Barragem e que a Polícia Federal já classificou como falso. Esteja certo de que, diante de tudo que já apuramos, é um forte candidato a voltar para a prisão”, ressaltou Sargento Rodrigues, lembrando que já foi preso outras duas vezes desde a data do rompimento.

O deputado fez questão de frisar a Cesar Grandchamp a responsabilidade do seu ato. A Tüv Süd, com a sua aquiescência, emitiu um documento que, além de fazer com que centenas de pessoas acreditassem que estavam em segurança, serviu de base para todo o procedimento legal que viabilizou a licença de funcionamento da Mina do Córrego do Feijão. Ele é o argumento que dá respaldo à Secretaria de Meio Ambiente, ao justificar relatório elaborado pela Supre, que orientou a votação dos Conselheiros do Coman, segundo afirmação de todos que aqui estiveram. É uma sequência de transferência de responsabilidades, mas, todas levam ao fatídico e irresponsável laudo.

“A segurança que você aceitou passivamente ajudar a atestar, mesmo sem ter participado tecnicamente da elaboração do laudo, resultou no assassinato de centenas de pessoas, na destruição das suas famílias e em danos ambientais ainda incalculáveis. Já temos elementos suficientes para afirmar que a Vale sabia dos problemas na estrutura da barragem e assumiu o risco, priorizando o lucro em detrimento de vidas. Faremos de tudo para que os responsáveis por esta tragédia sejam presos e respondam cível e criminalmente pelos seus atos”, afirmou Sargento Rodrigues.

Também foram ouvidos Rodrigo Artur Gomes Melo, gerente-executivo operacional, responsável pelo complexo minerário de Paraopeba, e Ricardo de Oliveira, gerente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança. O depoimento dos dois, que também já foram presos durante as investigações, seguiu a mesma linha, afirmando que não tinham conhecimento e nem motivos para suspeitar do risco de ruptura da B1 e que confiavam nos técnicos. As responsabilidades também foram transferidas para outros setores da mineradora, sempre que questionados pontualmente sobre procedimentos e ações anteriores à tragédia.

Como tem acontecido em todas as reuniões da CPI, familiares das vítimas acompanharam na galeria do plenarinho, exibindo fotos e nomes dos 245 mortos já identificados e 25 que continuam desaparecidos.

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