Faculdades de BH se unem para pedir segurança
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- Criado: Quarta, 08 Junho 2016 10:41
A Comissão de Segurança Pública realizou audiência na noite desta terça-feira, 7/6/2016, a requerimento do deputado Sargento Rodrigues, para debater e buscar as medidas necessárias para diminuir os furtos, roubos, arrombamentos de carros, assaltos, assédio sexual e até sequestros-relâmpago no entorno da Universidade Fumec, em Belo Horizonte.
Durante a reunião, todos os alunos e funcionários da Universidade Fumec, como também de outras faculdades relataram casos de violência e solicitaram, em especial, melhorias na iluminação pública, poda de árvores e instalação de câmeras públicas de vigilância (Sistema Olho Vivo, da Prefeitura de Belo Horizonte) no entorno das instituições de ensino.
Na ocasião, o deputado Sargento Rodrigues, Presidente da Comissão, lembrou que já foi realizada audiência pública para discutir o mesmo problema no entorno do UNI-BH. Ele também destacou que os principais problemas relatados pela comunidade acadêmica da Universidade Fumec foi de furto qualificado, roubo a mão armada, tráfico de drogas e falta de iluminação. “São problemas que aflige todas as faculdades. Todo esse sofrimento que a comunidade acadêmica passa, principalmente os alunos que precisam retornar até seus carros e até o ponto de ônibus, é a sensação de insegurança”, disse.
Rodrigues também criticou a ausência da prefeitura. “Os prefeitos precisam entender que também precisam colaborar para a segurança pública”, afirmou. Ele ainda ressaltou o perigo representado pelos chamados “flanelinhas”, guardadores de carro que atuam nas imediações das faculdades, extorquindo especialmente mulheres. “A extorsão acontece à luz do dia e, recentemente, tivemos o caso de um flanelinha, que usava até um colete da prefeitura, e que agrediu uma mulher. Ela teve que levar alguns pontos”, relatou o deputado.
Concordando, o aluno Dorgal de Andrada relatou a insegurança do local principalmente no horário de ir embora. Segundo ele, nos últimos anos a violência no entorno aumento muito. “O aluno passa por insegurança para chegar ao carro, que fica longe, ou ao ponto de ônibus”, afirmou. Ele sugeriu a implementação de câmeras do Olho Vivo no entorno do local.
Segundo João Marcos, da UNI-BH,o problema persiste desde 1991, sendo necessário providências definitivas para acabar com o problema.
Fernando da Cruz Coelho, representante da FUMEC na reunião, ressaltou que a Universidade se preocupa com a situação e que todos são vítimas da violência no Estado e no País. “Não podemos ficar na inércia. Temos que dar o primeiro passo. Minha ideia é para juntos alcançarmos um norte e auxiliarmos as força de segurança pública dentro da legalidade. Que encontremos posições e ideias que nos levem a um caminho”, disse.
Outra proposta defendida durante a audiência pública, por todos os participantes, é uma aproximação das diversas instituições de ensino, com os estudantes e os órgãos públicos, para criar um plano comum de prevenção e enfrentamento ao crime. “Precisamos nos unir. Não podemos discutir segurança pública de forma isolada”, argumentou o professor Fernando Coelho. Ele destacou, ainda, que a própria legislação impede as faculdades de exercerem segurança privada em áreas públicas, externas às instituições, tornando indispensável a ação do poder público.
Um dos depoimentos mais incisivos foi o do coordenador de segurança do Cefet, Luiz Cláudio Biagini, que relatou até mesmo um caso de sequestro relâmpago a um professor da instituição, ocorrido no início de 2015. O problema aconteceu na Rua Alpes, que fica atrás de uma das unidades do Cefet, no bairro Nova Suíça, onde estudantes e funcionários estacionam seus veículos. “Não passa uma semana sem que aconteça ali um arrombamento ou um assalto”, afirmou Biagini.
Na oportunidade, o Subcomandante do 22º Batalhão de Polícia Militar, que atua na Região Centro-Sul, Major Lucas Pinheiro, explicou que o maior desafio da PMMG é trabalhar com gestão em rede. Segundo ele, há que um projeto de atuação em rede que foi implantado no bairro Cruzeiro há pouco mais de um mês.
Os novos procedimentos, segundo Pinheiro, incluem uma troca de informações com a equipe de segurança da Fumec, representações estudantis e moradores, que ajudam na identificação de criminosos e situações de risco. Esse trabalho utiliza até mesmo informações coletadas por grupos de estudantes que se comunicam por meio do aplicativo WhatsApp. Segundo ele, o policiamento ostensivo também foi intensificado, resultando em uma redução do número de roubos de 44% no bairro do Cruzeiro, na primeira quinzena de maio, em relação ao mesmo período de 2015.
Já em relação à instalação das câmeras de vigilância do Sistema Olho Vivo, que contam com o monitoramento da Polícia Militar, o major Pinheiro afirmou que 53 novos pontos de vigilância estão para ser instalados na Região Centro-Sul, onde atua o 22º Batalhão de Polícia Militar.
Ainda segundo o Major, já está sendo realizadas patrulhas regularmente nos horários de saída dos alunos, por volta de 18h30min e 22h40min.
De acordo com o delegado-chefe da Delegacia Regional, Frederico Raso Lopes Abelha, a Polícia Civil buscará soluções junto com a Polícia Militar e os parlamentares. Segundo ele, os crimes acontecem no entorno das faculdades porque os criminosos aproveitam das oportunidades. Sobre os flanelinhas, ele destacou que aqueles que praticam crimes de extorsão veriam ser extintos da sociedade.
O delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia Regional Sul, Samuel Nery, relatou algumas ações ocorridas no bairro Cruzeiro, como a que identificou uma rede de assaltantes que revendiam celulares roubados na região para mercados populares no Centro da Capital. Sobre os flanelinhas, ele informou que a polícia começou a fazer um cadastramento de todos os que atuam no entorno da Fumec, a fim de desestimular seu envolvimento com o crime. “Se a pessoa está identificada, ela tende a não cometer crime”, afirmou.
Ao final, os parlamentares aprovaram requerimento para que seja enviado ofício ao Prefeito de Belo Horizonte, ao Secretário Municipal de Atividades Urbanas e ao Secretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte solicitando providências para adoção de medidas preventivas para melhorar a segurança pública no entorno da Universidade Fumec e demais faculdades, em Belo Horizonte, observadas as competências municipais para prestação de serviços públicos, como também para que o Prefeito de Belo Horizonte melhore a iluminação pública no entorno da Faculdade Fumec e a realização de podas periódicas das árvores plantadas em vias públicas.
Outro requerimento aprovado é que seja enviado ofício ao Comandante-Geral da PMMG para que seja intensificado o patrulhamento ostensivo nos entornos das universidades e faculdades em Belo Horizonte, como também a Chefe da Polícia Civil para que seja intensificada a atuação da Polícia Civil no entorno da Fumec, em especial para a repressão qualificada de criminosos com atuação recorrente na região.
Foto: Willian Dias/ALMG.
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