Segurança de policiais e moradores expõe a violência do Aglomerado da Serra
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- Criado: Quinta, 04 Fevereiro 2016 16:03
Dois policiais militares em serviço na Área Integrada de Segurança Pública (AISP) e a ausência da polícia civil no local chocaram os parlamentares da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira, 4/2/2016. A visita foi agendada devido a briga de facções no Aglomerado da Serra por disputa de ponto de tráfico de drogas e entorpecentes.
Durante a visita, o deputado Sargento Rodrigues, Presidente da Comissão de Segurança Pública, explicou que a primeira coisa que precisa ser feita é cuidar da segurança dos próprios policiais militares. “O Comandante-Geral da PM sequer mandou um representante para receber uma comissão de deputados com a participação do Ministério Público. Esta é uma demostração clara do abandono do Governo do Estado com a população do aglomerado da serra. O Governador, através do comandante-geral da PM, deixou dois policiais por turno. Eles estão aqui correndo risco de vida, inclusive de ter aqui as suas armas tomadas por quadrilhas dentro do aglomerado da serra. Se não tem segurança para trabalhar, como darão segurança aos próprios moradores?”, questionou.
Ainda segundo o parlamentar, a AISP foi criada em 2014, mas em outubro do ano passado a polícia civil foi retirada do local. “Então, o que era para atender a população, foi desmanchado pelo atual governo”, afirmou.
Rodrigues destacou, ainda, que cada AISP é composta por uma Companhia da polícia militar e de uma delegacia, com delegados, escrivães e investigadores para criar uma proximidade entre a polícia civil e a polícia militar para facilitar para a população. “Do ponto de vista estratégico da operação policial, facilita o deslocamento e a chegada mais rápida para atender as ocorrências dentro do próprio aglomerado da serra. Dois policiais não é efetivo nem de um destacamento de uma cidade minúscula do interior do Estado. Imagina de um aglomerado com 50 mil pessoas. Deveria ter no mínimo 100 policiais trabalhando nesta AISP. Se o Governo falha naquilo que ele tem o dever constitucional que é a segurança, fica difícil”, ressaltou.
“Vamos pedir empenho ao Ministério Público para que a Promotoria de Combate ao Crime Organizado agilize e apure rapidamente junto a polícia civil na busca de novos mandados de busca, apreensão e prisão. Também vamos fazer um relatório e enviar ao comandante-geral da PM e ao Comandante do Policiamento Especializado afirmando que eles estão permitindo que estes policiais tenham sua integridade física violada a qualquer momento”, informou o deputado Sargento Rodrigues.
De acordo com o delegado Frederico Abelha, a AISP está sem policiais civis desde outubro de 2015. Ainda segundo ele, o aglomerado da serra possui, hoje, duas facções, uma querendo “tomar o ponto” de tráfico da outra, a Bandalion e a Sacramento.
Já o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vai atuar com as polícias Militar e Civil na investigação sobre estas gangues que comandam o tráfico no Aglomerado da Serra. Segundo o promotor Peterson Queiroz, o órgão vai analisar provas repassadas e apurará quais as medidas poderão ser tomadas.
Em relação as condições e estrutura, o deputado Sargento Rodrigues constatou que falta água para os policiais militares e eles, muitas vezes, eles ficam cerca de 5 horas esperando refeições. Isto acontece, pois a 127ª CIA do 22º BPM possui apenas uma viatura GEPAR no aglomerado da serra e se ela estiver empenhada não há como comprar um “marmitex” e levar para os policiais de serviço na AISP.
De acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), o Governo do Estado cortou, em 2015, R$98,3 milhões de custeio da Polícia Militar, quando repassou R$278 milhões, o que representa uma queda de 26,12% em relação a 2014, que foram repassados R$376 milhões. Já em relação a Polícia Civil, os investimentos caíram 86,89%. Em 2014, foram investidos R$33,3 milhões e, em 2015, apenas R$4,3 milhões.
Em 2015, a Comissão de Segurança Pública visitou o 22º BPM e constatou que 40% de sua frota se encontrava baixada devido a falta de repasse de recursos por parte do Governo do Estado para que fossem consertadas.
Ao final, Rodrigues deixou claro que o Governo do Estado abandonou os moradores do Aglomerado da Serra, onde o comércio deixa de funcionar e até as pessoas ficam com medo de ir trabalhar. Dessa forma, a Comissão de Segurança Pública realizará uma audiência pública para cobrar uma posição do Governo, do Comando-Geral da PM, da Chefe da Polícia Civil e do Secretário de Estado de Defesa Social. “A comissão vai cobrar insistentemente até que o Governo do Estado dê uma resposta aos moradores do aglomerado da serra”, afirmou.
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