Moradores do entorno do Mineirão sofrem com a praça de guerra em dias de jogos

DSC 0034 optA baderna causada nos bairros do entorno do Estádio Magalhães Pinto – Mineirão - em dias de eventos, principalmente jogos de futebol, foi novamente debatida em audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a requerimento do deputado Sargento Rodrigues, na noite desta terça-feira, 30/6/2015, no Clube do Ipê, na Região da Pampulha. Segundo os moradores, torcedores estacionam veículos em locais proibidos, produzem grande quantidade lixo após o consumo de comida e bebida, urinam e defecam nas ruas e calçadas.

Os parlamentares da comissão já discutiram o assunto juntamente com a comunidade nos dias 3/12/2014 e 29/4/2015. O deputado Sargento Rodrigues também se reuniu com representantes do município na semana passada para discutir ações concretas, pois passaram-se 8 meses e os problemas continuam. “Em relação ao município, já temos cobrado insistentemente”, afirmou.

No início da reunião, Sargento Rodrigues resumiu as queixas dos moradores: extorsão dos flanelinhas contra os motoristas; comércio clandestino de comida e bebida alcoólica nas ruas do entorno; estacionamento irregular em frente a garagens e em esquinas; e pessoas que urinam e, até mesmo, defecam em vias públicas, jardins e casas dos moradores. O parlamentar ainda explicou que é necessário ouvir, por parte do município e do Estado, ações concretas, pois é isso que os moradores querem. “Virou uma verdadeira praça de guerra para os moradores. Eles estão sofrendo com isso. O espaço público não pode ficar assim. Nós precisamos de ações concretas. Do jeito que está não pode ficar”, afirmou.

DSC 0088 optRodrigues lembrou que no último jogo, no dia 28/6/2015, os flanelinhas estavam “deitando e rolando, extorquindo a luz do dia”. Em relação ao policiamento, Rodrigues esclareceu que o Comandante da 17ª Companhia, Major Fábio, está muito empenhado no caso e faz “das tripas o coração”, mas que em dias de jogos ele não consegue atender devido aos problemas. “Peço que nos ajude com o policiamento velado para prender flanelinhas. Precisamos deste empenho da polícia militar”, ressaltou.

Durante o encontro, vários moradores falaram dos problemas dos bairros. O engenheiro eletrônico Cláudio Osório, morador da região há 31 anos, destacou que as pessoas não tem ideia do tamanho do problema. Ele pontuou alguns deles, como urina e resto de fezes no jardim de sua casa, como também agressão com paus e urina em seus cães. Para ele, a solução é pagar o IPTU em cartório. “Eu não tenho mais o que fazer. Vamos conclamar os moradores da região para boicotar o recolhimento do IPTU. A prefeitura vai começar a nos enxergar, pois pagamos um dos impostos mais caros da cidade”, enfatizou.

Ainda em relação ao pagamento do IPTU, a presidente da Associação dos Moradores dos Bairros São Luís e São José (Pró-Civitas), Juliana Renault Vaz, explicou que uma das soluções poderia ser o IPTU depositado em juízo.“Consultamos um advogado para ver a possibilidade de depositar o IPTU em juízo, um modo de não pagarmos a prefeitura. Nossa luta tem sido frustrante e cheia de desgastes. Há muitas promessas, e nenhuma solução”, disse. Se a medida for tomada, o dinheiro ficaria bloqueado até a solução dos problemas.

DSC 0029 optJá Adam Waldowicz, que mora há 30 anos no bairro São Luiz, afirmou que uma das soluções é a abertura do estádio 4 horas antes. “Estamos atacando as consequências, não a origem do problema. As portas da esplanada têm que ser abertas bem antes do que acontece hoje, duas horas antes dos jogos”, afirmou. Irritado, ele também esclareceu que, se pudesse, venderia sua casa, hoje, para nunca mais pisar na Pampulha.

O morador Eduardo de Assis Duarte afirmou que também está acontecendo tráfico de drogas no entorno do Mineirão. “Isto está acontecendo na porta da minha casa. Lá está virando boca de fumo. Eu vi pela câmera da minha casa 10 homens e uma mulher usando cachimbinho de crack”, disse. Ele também fez um apelo para que tenha mais policiais nas esquinas. “O que a gente pede de emergencial é policiamento ostensivo nas esquinas”, disse.

De acordo com o Secretário municipal de Serviços Urbanos de Belo Horizonte, Pier Giorgio Senesi Filho, informou que foi tomada a decisão que, em dias de jogos, serão abertas vagas de estacionamento no vetor externo do Mineirão e que será proibido o estacionamento de um lado das vias no bairro São Luiz. Pier Giorgio Senesi também criticou a Minas Arena pela falta de colaboração com as solicitações da prefeitura. Ele disse que o município enviou um layout para a instalação das 96 barracas para comércio na esplanada. Solicitaram também que se antecipasse a venda de vagas no estacionamento do estádio e que se instalassem painéis eletrônicos que indiquem quantas vagas estão disponíveis. Tudo foi recusado pela empresa. “A resposta da Minas Arena é que não pode fazer nada, que tem que ver com o poder concedente”, afirmou.

Em relação a proibição do uso de churrasqueiras nas calçadas, o Secretário municipal de Serviços Urbanos de Belo Horizonte afirmou que faltam apenas algumas questões legais para que o decreto fique pronto.

Já o coordenador de segurança da Minas Arena, coronel PM Sandro Teatini, esclareceu que a Minas Arena não promove eventos, apenas opera o estádio. Segundo ele, a volta dos barraqueiros a esplanada não resolve o problema, pois os ambulantes continuariam atuando no entorno, vendendo bebida e comida a preços mais baixos. “Existe um contrato em vigência e qualquer mudança depende do contratante”, explicou. Quanto a venda de bebidas alcoólicas dentro do estádio, ele afirmou que não interessa à empresa autorizar a venda de bebidas dentro do estádio ou na esplanada. “É uma fonte de renda que não cobre o custo, pelos problemas gerados”, afirmou.

DSC 0040 optSargento Rodrigues defendeu a retomada da venda de bebidas dentro do estádio, argumentando que o problema hoje foi simplesmente transferido para o lado de fora, onde os torcedores se embriagam até pouco antes da partida começar. O parlamentar afirmou que a legislação prevê que o concessionário de serviços públicos promova medidas compensatórias à comunidade, em função dos problemas e do impacto urbanístico gerado pelo empreendimento. Ele questionou ao representante se a Minas Arena tem alguma proposta nesse sentido. “O que a Minas Arena propõe? Ou ela vai se calar diante desta situação? Tem alguma proposta como medida compensatória?”, perguntou. Sandro Teatini respondeu ao deputado que discutirá com o Estado.

Diante desta resposta e da gravidade dos problemas, a presidente da Associação Pró-Civitas dos bairros São Luiz e São José, Juliana Renault Vaz, criticou a Minas Arena. “Independente de legislação e medidas compensatórias, está faltando responsabilidade. É uma falta de interesse. A Minas Arena não está nem aí de como os bairros estão e do inferno que as pessoas estão vivendo. Ela tem lucro garantido, não tem com que se preocupar. Pior que ouvir promessas sem data, é ouvir que não estão nem aí. É lastimável ouvir isso”, declarou.

O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, tenente-coronel Gianfranco Caiafa, se compromissou a fazer um trabalho juntamente com sua tropa para enfrentar os ambulantes. “Temos que tirar estes ambulantes daqui”, disse. Ele afirmou que a Polícia Militar irá, a partir de agora, disponibilizar um pelotão exclusivamente para reprimir os ambulantes. Ele também destacou que a polícia militar coloca o maior efetivo que pode nos estádios. Gianfranco Caiafa disse ver risco de uma tragédia no Mineirão, uma vez que hoje cerca de 15 mil pessoas costumam entrar no estádio em um mesmo momento, cerca de 15 minutos antes da partida começar.

Já o comandante do 34º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Tenente-Coronel Marcelo Martins de Resende, informou que a polícia militar está muito sensível aos problemas que os moradores estão sofrendo nestes grandes eventos e que a maioria dos problemas é questão de ordem pública.

Ao final, os parlamentares aprovaram requerimentos, um deles solicitando uma audiência pública para discutir os termos do contrato de exploração do estádio e a necessidades de medidas compensatórias, em função do impacto do empreendimento. Também o envio de ofício à prefeitura, pedindo melhorias na iluminação do entorno. Visita da Comissão de Segurança à Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo para discutir o impacto urbanístico no entorno do Mineirão, decorrentes da exploração do estádio. Um ofício à Polícia Militar, solicitando a instalação de um perímetro de segurança no entorno do estádio.

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