OS 20 ANOS DA GREVE DAS PRAÇAS DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS É COMEMORADO NA ALMG

ontem 4Os 20 anos da greve das praças da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) foi comemorado na noite desta quinta-feira, 22/6/2017, em reunião especial, solicitada pelo deputado Sargento Rodrigues, realizada no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Representando os policiais e bombeiros militares que participaram daquele movimento reivindicatório, o Presidente do Centro Social de Cabos e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar (CSCS), Cabo Coelho, e o Presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (ASPRA), Sargento Bahia, receberam as placas em forma de homenagem pelo Poder Legislativo.

Em seu discurso, Cabo Coelho agradeceu o deputado Sargento Rodrigues pela homenagem e ressaltou que é um prazer dividir o espaço com os colegas que participaram do histórico movimento de 1997, inclusive com aqueles que foram expulsos da Polícia Militar e reintegrados ao Corpo de Bombeiros Militar. “Temos muitas lembranças e passamos por dificuldades que a memória não apaga”, destacou.

ontem“Foi o início de uma batalha inédita que persiste até os dias atuais, onde os profissionais da segurança pública aprenderam que a vigilância e a organização da classe são primordiais para a melhoria das condições de vida das famílias dos militares. Tenho convicção e muita vontade de continuar contribuindo e zelando pela valorização da nossa categoria, que possui papel essencial na vida da nossa sociedade”, disse Cabo Coelho.

Já o Presidente da ASPRA, Sargento Bahia, afirmou que a reunião é o momento de celebrar a cidadania e tudo que foi conquistado ao longo desses 20 anos. “A Polícia Militar de Minas Gerais é uma das mais bem preparadas para o cenário de hoje. Lamentamos a morte do Cabo Valério que simbolizou a nossa cidadania. Por outro lado, nós enquanto militares sabemos da importância que foi e do que é ser uma das pessoas que participou daquele movimento histórico”, explicou.

Emocionado, o deputado Sargento Rodrigues, autor da homenagem e um dos líderes do movimento, afirmou que aquele movimento ocorreu de forma espontânea, pois o sentimento de indignação, de desrespeito e de traição pelo Alto Comando da Polícia Militar e pelo Governo do Estado da época foram os grandes impulsionadores que desencadearam todos os fatos a partir do dia 13 de junho de 1997. “Alguns devem estar se perguntando, porquê realizar uma homenagem a um movimento grevista? Outros devem achar que seria perda de tempo, que não acrescentaria em nada. Mas, segundo os historiadores, a história começa a decantar a partir de dez anos após os fatos e, assim, me senti na obrigação de trazer algumas informações sobre a Greve da PMMG de 1997 e compartilhar com nossos companheiros e familiares, deixando registrado nos anais desta Casa Legislativa, para quem sabe, um dia, possa servir, não apenas como páginas de uma história, mas como experiência vivida pelo Poder Público e que os erros do passado não se repitam, nem no presente, nem no futuro”, disse.

ontem 3Rodrigues afirmou, ainda, que é necessário deixar os fatos bem claros para que a história não possa ser modificada por aqueles que não participaram ou tenham interesses em escamotear a verdade, o que levou as praças da PMMG saírem às ruas de Belo Horizonte, depois de 222 anos de instituição. “Foi a questão salarial? Sim! Podemos afirmar que a decisão do Governador de Minas Eduardo Azeredo em conceder um reajuste somente aos oficiais e não estender as praças foi a última gota d’água que faltava para o balde transbordar. O tratamento vivenciado por todos nós, praças, no interior dos quartéis, não chegava ao conhecimento da população, que não tinha a mínima ideia do que se passava entre os muros dos quartéis”, afirmou.

Ainda segundo o parlamentar, além dos graves problemas financeiros e do estado de penúria que as praças passavam, ainda tinham que suportar um tratamento desumano, degradante e humilhante por parte do Oficialato, este apoiado num antigo Regulamento Disciplinar, mais conhecido como “amarelinho”. “Não houve nenhum policial militar, naquele momento, que pudesse se intitular que foi ele o organizador ou o idealizador daquela greve. Nós ganhamos as ruas de forma espontânea e, simultaneamente, os batalhões que iam tomando conhecimento dos fatos, iam aderindo à greve”, informou.

ontem 5De acordo com o deputado, entre uma passeata e a outra se passaram 11 dias. Neste período, eles sofreram muita pressão psicológica, ameaças de expulsão, prisões, transferências para locais bem distantes e um monitoramento permanente por parte do Serviço de Inteligência. Já no dia 24 de junho de 1997, após reunião no Clube de Cabos e Soldados, as praças da PMMG ganharam as ruas pela segunda vez, saindo em passeata do bairro Nova Gameleira até a Praça da Liberdade.

Com o término do movimento grevista de 1997, o governo e o comando pôs em prática toda sua ira e passou a perseguir todos aqueles que foram identificados em jornais, revistas, imagens de TV e pelos agentes do serviço de inteligência. Em várias fotos conseguiram marcaram e localizar, indicando os nomes dos policiais e bombeiros militares que participaram da greve. Mesmo com todos os erros cometidos pelo alto-comando da PMMG e do próprio governo, estes não foram capazes de reconhecer suas falhas e passaram a perseguir as praças.

ontem 2Os atos de perseguições e retaliações daquele movimento resultaram em 186 praças expulsos da Polícia Militar de Minas Gerais, 1.759 indiciados em IPMs, mais de 5.000 praças foram punidos com prisões administrativas e o companheiro Cabo Valério Santos Oliveira morto em decorrência das ações e omissões do Comando e do Governo.

Ao final do seu discurso, o deputado Sargento Rodrigues rendeu as mais sinceras homenagens ao companheiro Cabo Valério, pois sua morte petrificou o dia 24 de junho como o dia de luta e resistência dos profissionais de segurança pública em Minas Gerais e esta data está consignada na Lei Estadual 21.292/2014, de sua autoria, como também na Lei 13.449, de 16 de junho de 2017, de autoria do deputado federal Subtenente Gonzaga, que institui o Dia Nacional do Policial e Bombeiro Militar. “Esta reunião especial se dedica a homenagear nossos bravos praças da polícia militar que no dia 13 de junho de 1997 romperam com o medo e decidiram lutar pelos seus ideais, pois a única forma do indivíduo alcançar seus direitos é a luta permanente”, concluiu.

Na ocasião, o deputado Federal Subtenente Gonzaga pediu um minuto de silêncio em homenagem ao Cabo Valério. Segundo o parlamentar, o Valério não pôde vivenciar dos benefícios que o movimento alcançou. “Não tem nenhum Estado que conseguiu os avanços, como nós, em Minas Gerais, depois do movimento de 1997. Queria compartilhar com vocês este sentimento de dever cumprido. Que não percamos a direção da luta”, afirmou.

ontem 6Gonzaga também agradeceu o deputado Sargento Rodrigues por sua luta na ALMG. “Rodrigues não é só um deputado, é um representante que luta aqui na Assembleia Legislativa nesses últimos 20 anos”, parabenizou.
Na oportunidade, o Presidente da Associação dos Servidores do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar de Minas Gerais (ASCOBOM) destacou que é muito importante comemorar as conquistas dos últimos vinte anos, como a inovação do Código de Ética dos Militares, estreitando a relação entre Praças e Oficiais, como também os benefícios e todo o reconhecimento que as praças da PMMG passaram a ter depois daquele greve.

Na qualidade de testemunha naquele movimento, o Coronel Domingos Sávio de Mendonça explicou que este é um resgate histórico e que a principal ferida que ainda permanecia, além da morte do Cabo Valério, era o retorno das praças expulsas à Corporação, o que foi conseguido na ALMG, através do PL1.078/2015, que falta apenas a sanção do Governador.

ontem 7“Eu vejo esta reunião como reconhecimento do movimento de 1997, onde todos nós tivemos uma parcela enorme de contribuição para mudar a realidade em que vivíamos. Os salários eram baixíssimos, as condições precárias e o regulamento arbitrário. As praças não tinham nenhum direito até a Constituição da República de 1988, Cabos e Soldados nem sequer votavam, pois o regulamento da PMMG era de 1983. Aquele movimento proporcionou todas estas mudanças e trouxe dignidade e cidadania para os policiais militares. Esta reunião veio para materializar tudo isso”, ressaltou o Sargento Edmundo, um dos 186 expulsos devido a greve de 1997.

Ao final da reunião, Sargento Rodrigues agradeceu a presença de todos e entregou um diploma para o Subtenente Clóvis Antônio Pio, o policial militar mais antigo, presente na reunião, como também para o Subtenente Jefferson Fernandes e Silva, como uma homenagem por sua participação naquele movimento de 1997. Além de vários policiais militares que participaram da greve de 1997, também estava presente na reunião o Dr. Obregon Gonçalves, um dos expoentes da advocacia criminal em Minas Gerais, defensor no Conselho de Disciplina.

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