Cancelamento de casamentos na Igrejinha da Pampulha leva noivos e familiares ao desespero

1106447 optA possibilidade de cancelamento de mais de 200 casamentos agendados para 2016 e 2017 na Igreja de São Francisco de Assis, conhecida como Igrejinha da Pampulha, foi debatida em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã desta segunda-feira, 21/11/2016.

Na ocasião, noivos e noivas reclamaram que marcaram casamentos para o ano que vem, mas a cerimônia não poderá ser celebrada no local devido às obras de revitalização que estão previstas para começar no início de janeiro. Inicialmente, a reforma da Igrejinha da Pampulha estava prevista para 2018, mas foi antecipada para 2017. A Igrejinha faz parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha e recebeu título de Patrimônio Mundial da Unesco em 2016.

1106399 opt“Nós estamos lidando com um bem muito maior do que a restauração neste momento. Eu também sou defensor do patrimônio cultural. A preservação da igreja é muito importante, mas isso tem que respeitar os contratos e as pessoas. O que está sendo colocado aqui é algo absurdo. Não dá para admitir que mais de 200 casamentos estão sendo colocados em segundo plano, pois os noivos fazem um planejamento com muita antecedência”, ressaltou o deputado Sargento Rodrigues.

Ainda segundo Rodrigues, é necessário cobrar do órgão responsável pelo planejamento da reforma. “Nós estamos falando de seres humanos. Por mais que eu entenda a necessidade da preservação. Devemos cobrar de quem tinha que fazer o planejamento. Se não fez o planejamento para a reforma, para a restauração, quem vai pagar a conta é quem fez o planejamento para casar? Estou vendo os contratos, inclusive contribuição para a igreja. Os noivos se submeteram a tudo isso. Fizeram planejamento e uma mudança desse cenário é algo avassalador. Não dá para mensurar aqui, nessa audiência pública, o estrago que está sendo feito na vida dessas pessoas. Seria bom que todos colocassem os pés no chão”, afirmou.

1106369 optRodrigues ressaltou, ainda, que depois da marcação do casamento na Igreja, começam a contratar os outros fornecedores. “Depois que o casamento é agendado, tudo gira em torno. Enquanto não marca, o casal não consegue dar um passo a diante. Além disso, tem o aspecto emocional e religioso que não dá para mensurar. São seres humanos diante de uma situação que não há outra solução senão suspender as obras, fazer os casamentos e cumprir os contratos. Estamos lindando com a dignidade da pessoa humana, no casamento, planejamento, na dor que elas estão passando, na angústia e no desespero inclusive das famílias”, concluiu.

Segundo a representante das noivas e noivos, Bruna Graziela de Souza Pereira, seu casamento foi marcado no primeiro dia que a Igreja abriu a agenda para 2017, no começo de julho de 2015. Em seu relato, ela explicou que viveu uma boa parte da sua infância e adolescência naquele local. “Era ali onde eu e minha família nos reuníamos, que eu e meu namorado nos conhecemos. Então, existia toda uma questão simbólica naquele lugar. Existem várias igrejas em Belo Horizonte, mas nenhuma tem o significado que aquela igreja tem pra mim, como também para várias pessoas aqui que são devotos ou porque ficaram noivos la dentro ou comungam naquela igreja. Cada um tem seu motivo e não cabe a ninguém julgar se esse motivo é bom ou não, é justo ou não. É sonho e cada um tem o seu e deve ser respeitado. Se não respeitam sonhos, que, pelo menos, respeitem os contratos”, afirmou.

1106429 optAinda segundo Bruna, é muito trabalho diário para pagar todos os fornecedores. “Eu planejei meu casamento com mais de 2 anos de antecedência. Teve noivas que tiveram que mudar a data para encaixar na agenda da Igreja. Nós escolhemos primeiro a igreja para depois escolher os outros fornecedores. Tem cinco noivas casando no mesmo dia que eu, casamentos sequenciais, nós conseguimos descontos porque fechamos contratos conjuntos, decidimos decorações conjuntas. Além da quebra dos contratos, onde vou tirar dinheiro para bancar isso tudo de novo?”, questionou.

Já de acordo com o capelão e administrador da Igrejinha, Padre Ademir Ragazzi, o Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, está muito preocupado com a situação e montou uma comissão que está transferindo todos os casamentos para outras igrejas de Belo Horizonte. “Tem quatro anos que estou à frente da administração da Igreja e não recebi, em nenhum momento, documento que pedissem para parar as atividades da Igreja. Acho um desrespeito”, concluiu.

1106402 optMichelli Arroyo, Presidente do Instituto Histórico de Minas Gerais, explicou que há alguns anos houve uma reforma grande na Igrejinha da Pampulha, mas é necessário outra reforma devido a infiltração no teto do local e o forro pode cair a qualquer momento devido a deterioração da madeira. “Devemos discutir qual a melhor forma de resolver o problema. Temos que fazer uma reforma dentro da Igreja. Tirar todo o forro, arrumar as juntas de dilatação, onde a água está escorrendo e trocar o forro. A conservação e restauração da Igreja é um problema grande”, informou. Segundo ela, é necessário apresentar um relatório para a UNESCO em 2017. “Nossas cobranças são em relação às obras de restauração. Não temos nenhum problema com os casamentos”, completou. Ela também sugeriu que as obras comecem em dezembro do ano que vem.

Ao final, o deputado Sargento Rodrigues apresentou requerimento para que a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da ALMG, junto com engenheiros e arquitetos, realize uma visita “in loco” na Igrejinha da Pampulha para avaliar as condições do local. “Resistam bravamente aos direitos que vocês tem”, concluiu.


Fotos: Sarah Torres/ALMG

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