CPI ouve funcionários da Vale, mas dúvidas permanecem

Os três engenheiros que prestaram depoimento na CPI da Barragem de Brumadinho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na manhã desta quinta-feira (9/5/19), diferentemente dos que foram ouvidos na semana passada, não fizeram uso do chamado direito de silêncio e se dispuseram a responder todas as perguntas dos deputados. Mesmo assim, não conseguiram esclarecer a maioria das dúvidas.

Hélio Márcio Lopes de Cerqueira, Felipe Figueiredo Rocha e Marilene Christina Oliveira Lopes de Araújo, superiora imediata dos dois primeiros, integram a equipe de Geotecnia Corporativa da Vale, responsável pelas estruturas de mais de 100 minas da empresa.

Os três afirmaram, no entanto, que a responsabilidade técnica pela segurança da Barragem B1, que rompeu na Mina Córrego do Feijão, no dia 25 de janeiro, é dos engenheiros da Gerência de Geotecnia Operacional da Vale, os quais trabalham especificamente com aquela barragem.

Questionados sobre os riscos que teriam sido apontados no painel internacional sobre segurança de barragens, realizado em outubro de 2018, do qual participaram funcionários e gestores da empresa, todos confirmaram que foram feitas recomendações à Vale para que fossem elevados os níveis de segurança da barragem de Brumadinho.

Ficaria a cargo da equipe geotécnica operacional, no entanto, definir quais seriam as intervenções necessárias e cabíveis, em conjunto com o consórcio das empresas Tüv Süd e Potamos. Nenhum deles soube informar que medida prática foi tomada.

Entre os nomes citados pelos depoentes, Marilene Araújo indicou Renzo Albieri, Cristina Malheiros, Artur Ribeiro e o gerente César Augusto Paulino Grandchamp como os responsáveis, que teriam validado o laudo de segurança da barragem, fornecido pelas empresas Tüv Süd e Potamos, em 2018.

Diante dos depoimentos desta quinta-feira (9), o presidente da CPI, deputado Gustavo Valadares (PSDB), informou que os engenheiros da geotecnia operacional serão ouvidos pela comissão já na próxima quinta-feira (16/5/19).

Engenheira diz que desconhece pressão - A engenheira Marilene Araújo foi questionada pelo deputado Noraldino Júnior (PSC) sobre afirmação feita anteriormente pelo engenheiro Makoto Namba de que teria havido recusa inicial da Tüv Süd para emissão do laudo que atestava a segurança da Barragem B1 e posterior pressão da direção da Vale para que o documento fosse assinado.

Ela disse que nunca tomou conhecimento de que teria havido recusa da empresa em fornecer o laudo e muito menos pressão da Vale para que ele fosse emitido.

Questionada pelo relator da CPI, deputado André Quintão (PT), e pelos deputados Noraldino Júnior e Sargento Rodrigues (PTB) sobre o que aconteceria se o laudo não tivesse sido emitido, a engenheira também afirmou que uma barragem sem laudo de segurança teria sua atividade paralisada, não sendo mais permitido o depósito de rejeitos no local. Mas, no caso da B1, a estrutura já estava desativada desde 2016.

Os três depoentes estiveram entre os presos logo após o rompimento da barragem, mas depois foram soltos. Hélio Cerqueira e Marilene Araújo têm a defesa feita por advogados pagos pela Vale e continuam desempenhando suas funções na empresa.

Felipe Rocha abriu mão do escritório de advocacia fornecido pela empresa, assim que saiu da prisão, e hoje paga por sua defesa com recursos próprios. Por recomendação do Ministério Público, o engenheiro pediu afastamento temporário da Vale, segundo ele, para poder colaborar integralmente com as investigações sobre o rompimento da barragem.

Falha nos piezômetros não foi suficiente para acionar plano de emergência - O vice-presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues, considerou evasivas as respostas do primeiro depoente, Hélio Cerqueira, responsável pela parte de automação dos piezômetros, aparelhos que medem a carga e a pressão da água na estrutura e ajudam a definir a estabilidade das barragens.

O engenheiro afirmou que não foi envolvido na análise do risco ou da declaração de estabilidade da barragem, apenas na instrumentação. Segundo ele, havia 94 piezômetros instalados no local, sendo que 46 estavam em processo de automação (sensoriamento, armazenamento de dados e transmissão de dados de forma eletrônica).

Ele confirmou que somente no dia 23 de janeiro recebeu o primeiro e-mail do mês com a leitura de medição dos piezômetros. Logo, teria visto que havia inconsistência de dados, como se as informações reportadas não pertencessem ao aparelho correto. O problema é conhecido como "erro de troca de tag", ou erro no número sequencial do piezômetro indicado, um aparelho indicando a leitura de outro.

"Havia quatro aparelhos cuja leitura era impossível de ser feita. Logo comunicamos a empresa responsável e ficamos aguardando resposta", contou Hélio Cerqueira. Segundo ele e Marilene Araújo, o piezômetro é só uma parte dos dados utilizados para atestar a segurança da barragem.

A equipe geotécnica operacional também disporia de radares e diversas outras formas de avaliações físicas do local. E os engenheiros geotécnicos operacionais é que teriam a prerrogativa de acionar o plano emergencial de risco, se considerassem necessário. Conforme afirmou Hélio Cerqueira, no dia 25, quando a barragem rompeu, eles ainda estavam tentando entender o que tinha acontecido com os piezômetros.

Riscos - Os três depoentes, que trabalham em Nova Lima (RMBH), em outra estrutura da Vale, foram questionados pelo deputado Glaycon Franco (PV) e pelos demais parlamentres se eles teriam coragem de trabalhar na Barragem B1, se estivessem de posse das informações sobre os riscos. Todos foram enfáticos em dizer que confiavam na equipe de geotécnicos responsáveis pela mina.

Fonte: ALMG
Fotos: Clarissa Barçante

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